terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Relationships...


Então depois de 89 meses de uma relação conturbada eu resolvi viver dois meses de uma epifania romântica. Seria tal idéia tão infantil? É possível, mas agora que voltei à solteirice posso entrar numa nova epifania: a de me sentir a Carrie Bradshaw!

Tudo começou oito meses depois de eu completar 18 anos. Finalmente tinha caído na night, muitos amigos novos, muitas experiências e num beijo em grupo um estalo químico fez com que eu me apaixonasse perdidamente. Em seis dias, a paixão virou namoro e em três meses ele terminou, com muitas lágrimas e desilusões. Em 20 dias voltamos e daí, em meio a brigas, idas e vindas, lágrimas e risos, construímos uma relação que passou dos sete anos e que mesmo não parecendo ideal para quem olhava de fora, teve muita coisa boa. O fim veio pelos desgastes que os problemas geraram, que acabaram me abrindo para uma outra paixão. Pelo menos consegui manter a cordialidade.

O novo amor veio. Com minha mania de analisar toda e qualquer situação, tive medo de ficar com alguém mais novo. Depois, foi preciso lidar com uma personalidade diferente, com arroubos de emoção em momentos íntimos (e deliciosos)e uma postura fechada e distante na maioria das vezes.

Eu tinha me decidido a ser um príncipe encantado. Um marido ideal. Assim, além do meu corpo e da minha fidelidade, ofereci minha amizade e meu sorriso. No fim, ele acabou se sentindo mal por não conseguir retribuir minha dedicação e no último momento, quando eu mesmo já pensava em desistir, resolvi conversar e ver se era algo que poderíamos trabalhar e resolver. Não era. Terminamos e lendo esse texto parece que a culpa é dele, nem é. Minha música para essa relação é EXAGERADO, do Cazuza, pois parte do problema foi o desequilíbrio causado pela intensidade das minhas demonstrações de afeto.

Mas aí vem aquele papo da instabilidade dos relacionamentos gays. Um dos grandes problemas é a tentativa de reproduzir o modelo heterossexual, sem a ajuda da cultura, do casamento e de filhos, mas o problema está no que aprendemos mesmo.

No caso dos homossexuais masculinos, temos dois homens, dois caras culturalmente condicionados para a promiscuidade. Sem o freio de uma mulher educada a "se valorizar", terminamos em relações extremamente sexualizadas, que muitas vezes não abrem espaço para algum tipo de envolvimento. Subtraindo os caras que não podem se envolver por serem casados ou estarem no armário, as opções ficam bem rasas...

Aí, no "mundinho gay", ficamos com os rapazes que são ou se sentem feios por não se enquadrarem no ideal de beleza do meio. Esses, por essa rejeição, costumam ser mais abertos a relacionamentos afetivos, embora às vezes caiam na armadilha de desejar "deuses gregos" que não lhes darão atenção.
Temos também esses deuses, geralmente cegos pela adulação, mais preocupados em aproveitar a atenção e o sexo fácil, sem pensar ou preferindo esquecer o lado emocional.
Fora desses pólos, há aqueles que não querem um namorado efeminado, aqueles que não acreditam no namoro entre dois homens, aqueles que não conseguem ser monogâmicos, aqueles que acham que a monogamia é fundamental para o relacionamento e é claro, aqueles que tentam.

Sempre achei que a postura mais saudável e ir vivendo, até que um dia, por sorte, coincidência (ou destino, para quem crê), alguém que poderia ser perfeitamente corriqueiro (e que para outras pessoas certamente foi), te toca de alguma maneira especial.
No "mundo gay", a oferta pode ser um problema, mas com certeza as dificuldades em assumir a identidade gay também pesam. Salvo raríssimas exceções, todo gay passou por algum problema ao "se descobrir" ou se vir confrontado com essa identidade. Isso cria cicatrizes, faz com que seja difícil confiar nos outros ou ser aberto sobre si mesmo, e taí uma questão onde podemos afirmar que somos diferentes dos heterossexuais. Por mais que todo o mundo tenha dificuldade em se acertar, a "mente gay" é muito mais complicada para esse setor do que a hétero.

Então talvez seja verdade que para dois homens é mais difícil ter um relacionamento sério e duradouro (não que essa seja uma necessidade, como apontam livros, músicas e filmes, mas enfim...). Mas acho que a coisa é muito mais complexa do que luxúria num ambiente permissivo ou simples vocação do gênero (isso tem peso, é claro, já que lésbicas tendem a ter relacionamentos mais consistentes).

Tenho um amigo que diz que até as relações de amizade são difíceis no nosso meio. Talvez sejam. Eu não sei por que em meio a namorados, amantes, ficantes, peguetes e até uma garota ocasional, foram meus amigos que seguraram minha onda, me ouviram, secaram minhas lágrimas e foram pra balada dançar comigo. E talvez sejam esses nossos relacionamentos sérios.
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E uma notícia, só para provar que a coisa tá feia até para os muito talentosos...
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Por fim, risos.

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